Nasceu em Angola e prezava os amigos. Norteava-se pela honra. A sua frase mais sentida era “os amigos nunca se esquecem”.
Tive o privilégio de o conhecer, no local de trabalho, e os curtos momentos de troca de ideias davam a conhecer um homem culto, sensível e atento a tudo o que o cercava. Estudou bastante para que o saber o ajudasse na tarefa difícil de lidar com jovens em risco. Respeitava-os. Tratava-os como poucos.
Uma vez, comentava a sua ideia, enquanto habitante de uma colónia, do que seria a metrópole, na Europa, país avançado… Com a guerra colonial, a chegada de tropas deu-lhe um retrato duro da realidade: “rapazes novos sem saber ler nem escrever e sem hábitos de banho diário”!
Não era de se lamentar pela saída do seu território de origem. Encontrara emprego e desempenhava as suas funções com empenho.
Mas a vida dá voltas e a dele não fugiu à regra, pelas piores razões. Com a honra ferida, viveu momentos de grande infelicidade até ao fim. Foi cedo. Demasiado cedo. Deixou amigos. Que jamais o esquecerão.
